quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Atual...

"Há muitos artistas que fazem muito sucesso,
mas são iguais a sorvete: botou no sol, derrete."

(Baden Powell de Aquino)

domingo, 19 de dezembro de 2010

Coleção do João da Batida Perfeita...



Os três primeiros albuns lançados numa coleção em 1988 e posteriormente em cd, em 1990. Teve lançamento no Brasil e é uma boa opção pra quem não tem os discos originais...

Uma Belezura!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Canhoto da Paraíba



Quando eu escutei a primeira vez o choro "Banhado em Lágrimas" do Canhotinho gravado em 1968, pensei: "Meu Deus, que estiloso! O Melhor Choro pra Violão é feito na Paraíba, com certeza!"

Sabe que cada vez que eu re-escuto esta canção eu penso a mesma coisa! Hehe

Hoje eu escutei este tal album "Único amor" e fiquei com vontade de escrever algo... a gente deve lembrar dessas personalidades sempre, sempre!

Francisco Soares de Araújo, o "Canhoto da Paraíba", nascido na cidade de Princesa Isabel, interior da Paraíba, em 19 de Março de 1926, nos deixou aos 82 anos vitima de um enfarto, na cidade de Paulista, região metropolitana do Recife no dia 24 de Abril de 2008.

Albuns:

- "Ensaio" (2001);
- "Pisando em brasa" (1993);
- "Instrumental no CCBB – Canhoto da Paraíba e Zimbo Trio" (1993);
- "Canhoto da Paraíba - Fantasia Nordestina Vol. 2" (1990);
- "O violão brasileiro tocado pelo avesso" (1977);
- "Um violão direito nas mãos de Canhoto" (1974)
- "Único amor" (1968).

Mais informações:

http://br-instrumental.blogspot.com/2006/06/canhoto-da-paraba-o-violo-brasileiro.html

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Rio de Janeiro continua Lindo...!

A guerra contra o tráfico na cidade do Rio de Janeiro, hoje, contabiliza 33 mortos e vários feridos, segundo a imprensa televisiva.

Caos!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Heitor Villa-Lobos


(Rio de Janeiro, 5 de março de 1887 – Rio de Janeiro, 17 de novembro de 1959)

Saudêmos o Compositor maior da música Brasileira!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Nietzsche e a mentira...

"A Mentira

Porque é que, na maior parte das vezes, os homens na vida quotidiana dizem a verdade? Certamente, não porque um deus proibiu mentir. Mas sim, em primeiro lugar, porque é mais comodo, pois a mentira exige invenção, dissimulação e memória. Por isso Swift diz: «Quem conta uma mentira raramente se apercebe do pesado fardo que toma sobre si; é que, para manter uma mentira, tem de inventar outras vinte». Em seguida, porque, em circunstâncias simples, é vantajoso dizer directamente: quero isto, fiz aquilo, e outras coisas parecidas; portanto, porque a via da obrigação e da autoridade é mais segura que a do ardil. Se uma criança, porém, tiver sido educada em circunstâncias domésticas complicadas, então maneja a mentira com a mesma naturalidade e diz, involuntariamente, sempre aquilo que corresponde ao seu interesse; um sentido da verdade, uma repugnância ante a mentira em si, são-lhe completamente estranhos e inacessíveis, e, portanto, ela mente com toda a inocência."

Friedrich Nietzsche, em "Humano, Demasiado Humano"

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Marcus Tardelli - Unha & Carne (2005)


Não tenho adjetivos pra este album do Tardelli...

o que posso dizer é: Escute-o.

Programa:

Marcus Tardelli - Unha & Carne (2005)

1 Baião de Lacan (Guinga / Aldir Blanc)
2 Igreja da Penha (Guinga / Aldir Blanc)
3 Capital (Guinga)
4 Unha e Carne (Guinga)
5 Cheio de Dedos (Guinga)
6 Cine Baronesa (Guinga / Aldir Blanc)
7 Mingus Samba (Guinga / Aldir Blanc)
8 Dichavado (Guinga)
9 Constance (Guinga)
10 Baiões:
Influência de Jackson (Guinga / Aldir Blanc);
Nítido e Obscuro (Guinga / Aldir Blanc);
Geraldo no Leme (Guinga);
Pra Jackson e Almira (Guinga / Simone Guimarães);
Chá de Panel a (Guinga / Aldir Blanc)
11 Choro-Canção (Guinga)
12 Choro-Tango (Guinga)
13 Choro-Réquiem (Guinga / Aldir Blanc)
14 Frevos:
Vô Alfredo (Guinga / Aldir Blanc);
Henriquieto (Guinga / Aldir Blanc)

Ficha técnica:
Arranjos - Marcus Tardelli
Produção musical - Guinga

Gravação, edição e mixagem - Gabriel Pinheiro
Assistentes de gravação - Fernando Prado e Henrique Vilhena
Masterização - Luiz Tornaghi
Projeto gráfico - Arthur Fróes
Fotos - Custódio Coimbra
Produção executiva - Tomaz Secco
Gravado e mixado nos estúdios Biscoito Fino em outubro de 2005.

UMA REALIZAÇÃO BISCOITO FINO
Direção geral - Kati Almeida Braga
Direção artística - Olivia Hime
Coordenação de produção - Tomaz Secco

sábado, 25 de setembro de 2010

Guitarra = Mulher

"A minha Guitarra é como a minha mulher.
Eu não empresto!"

(Marco)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Semana Ousada de Artes UFSC e UDESC...

Programa Ponteio - Violão na Udesc
Mostra de Violão do Bacharelado
Dia 24-09-2010
Às 17h30

Museu da Escola Catarinense
Rua Saldanha Marinho, 196
Centro - Fpolis

Programa:

La Melancolia (da Giulianate, Op. 148)- Mauro Giuliani (1781-1829)
Valsa-Choro (da Suite Popular Brasileira) - Villa-Lobos (1887-1959)
Interprete: Eliezer Patissi

Canción del Emperador - Luys de Narváez (c.1500-depois de 1550)
Pastoral e Toada (da Pequena Suite) - Radamés Gnattali (1906-1988)
Interprete: Caio Marques

Prelúdio No. 3 (dos Cinco Prelúdios) - Villa-Lobos
Interprete: Danilo Konrad

Allemande e Courante (da Suite e Mi menor, BWV 996) - J. S. Bach (1685-1750)
Interprete: André Franzoni

Verde Alma e Candombatán (das 4 Piezas Cristalinas) - M. Diego Pujol (n.1957)
Rondo, Op. 8, No. 1 - Mauro Giuliani
Interprete: David Esteban

Prelúdio No. 1 (dos Cinco Prelúdios) - Villa-Lobos
Preludio Americano No. 3, "Campo" - Abel Carlevaro (1916-2001)
Interprete: João Panegalli

Allegretto (da Sonatina Meridional) - Manuel Ponce (1882-1948)
Choros No. 1 - Villa-Lobos
Interprete: Felipe Lacerda

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Goma Laca...


O tampo dessa guitarra construida pelo Sr Valentim, de Ribeirão Preto, é tradicional, de cedro (estilo Fleta) com goma laca, mas as laterais e fundo seguem uma tendência Australiana mais moderna, com fundo duplo de Jacarandá Indiano colado com resina epoxi, que torna o fundo bem rigido e fazendo-o vibrar mais, e o acabamento em p.u.. O braço é de mogno e a escala de ébano.



Proteção para aplicação da goma...





Goma Laca

- Origem
- Características
- Outros nomes
- Goma laca indiana

Origem:

A Goma Laca é uma substância orgânica derivada da secreção de um inseto (coccus lacca) encontrado em países do oriente como a Índia e a China.

Buscando a origem do vocábulo, encontramos:

- Goma: do egípcio Kummi, através do latim vulgar,

- Gumma: seiva translúcida e viscosa.

- Laca: do sânscrito Lakxa. Em árabe, Lakk: resina avermelhada (também empregada na fabricação de lacre).

A substância resinosa liberada por este inseto através de poros do corpo (abundantemente produzida em infinito número ( "cem mil" ) de partículas), incrusta-se nos galhos dos arbustos onde vive, ( figueiras dos pagodes, figueiras da Índia: Antea frondosa).

Para a preparação do verniz, estes galhos são colhidos e quebrados em pequenos pedaços de onde é extraída e purificada a substância que depois dissolvida em álcool será o " verniz de goma laca".

Aplicado manualmente com uma bucha de estopa envolvida em tecido fino de algodão (boneca), o verniz penetra nos poros da madeira.
Sucessivas aplicações devem ser feitas até que se consiga a cobertura desejada, com textura e brilho.

Esta resina é apresentada no comércio em torrões escuros e em finas escamas, semi-transparentes, com diversas tonalidades, indo do âmbar escuro ao amarelo pálido.
Esta variação de cores é resultado da presença de substâncias colorantes naturais da árvore.
Podemos encontrar no mercado a goma laca indiana limão, laranja, asa de barata, goma laca indiana clarificada ou ainda transparente.

A Goma Laca Indiana deve ser dissolvida em álcool absoluto (99%) em proporções variáveis dependendo da utilização.
O uso da goma lacca é conhecido há pelo menos 2.500 anos.
É uma forma tradicional de selar madeiras, cerâmicas, papelão e gesso. Também é utilizada como verniz e isolante de moldes de gesso.

Características:

A goma laca é durável, elástica e flexível, embora não seja a prova d´água, nem de calor, ou de quaisquer substâncias alcalinas.

O resultado estético resultante da madeira é diferente, e dá uma textura que podemos chamar de "natural", onde os desenhos dos veios da madeira permanece mais visível, além de não esconder o relevo das camadas, os desgastes e acomodação que acontecem com o tempo.

Outra peculiaridade é que a goma laca permite periodicamente uma nova camada que recupera pequenos arranhões, áreas de desgaste e renova o brilho. Tudo isso com o mínimo de alterações nas características da madeira.

Outros nomes:

- Verniz de boneca
- Asa de barata
- French Polish (inglês)

Fonte: http://www.fazfacil.com.br/materiais/goma_laca.html

sábado, 18 de setembro de 2010

Jimi Hendrix...


James Marshall Hendrix (Seattle, 27 de novembro de 1942 – Londres, 18 de setembro de 1970)

Um Verdadeiro Vulcão em Erupção!

sábado, 7 de agosto de 2010

Marcos Vinicius "Dedicatoria" (1997)



Acabei de escutar este disco "Dedicatória" de 1997 do talentoso violonista, arranjador, compositor e concertista internacional Marcos Vinicius, que reside na Itália, e é presidente da Academia de Violão Clássico de Milão.

Esta obra possui um impressionante acabamento, em todos os aspectos, gráfico, gravação, e principalmente, a interpretação, onde Marcus soube explorar com maestria as sutilezas e energias das peças, além das várias possibilidades "timbristicas" do violão!

Este é o seu disco de estreia, e foi gravado com uma guitarra tradicional do luthier Gioachino Giussani, entre Novembro e Dezembro de 1997.


No programa:

Bruno de Souza (1963)
1. Introducion Y Milógna

Gaspar Sanz (1640-1710)
Four Dances from "Suite Española"
2. Españoleta
3. Danza de las Hachas
4. Rujero
5. Paradetas

Michael Praetorius (1571-1621)
6. Ballet from "Terpsichore Book"

Paolo Colombo (1969)
7. Eco Di Una Lauda from "Tres Carmina"

David Kellner (1670-1748)
8. Aria in D

Henrique Annes (1946)
9. Prelude for guitar

Enrique Granados (1867-1916)
10. Dedicatoria from "Cuentos de la Juventud, op.1"

Milan Tesar (1938)
11. Ballad n. 2
12. Ballad n. 1

Júlio Borges (1919)
13. Waltz n. 2

Leo Brouwer (1939)
14. Guajira Criolla

Francis Kleynjans (1951)
15. Barcarolle n.1, op.60

Eduardo Sainz de la Maza (1903-1982)
16. Habanera

Radamés Gnatalli (1906-1988)
17. Study V

Joaquin Rodrigo (1902)
18. Sarabande Lointaine


Sutileza e perfeição técnica aliadas ao capricho na elaboração da obra, fazem deste um importante album da sua carreira, e que já faz parte da história do Violão Clássico Internacional!

É uma grande satisfação poder ouvir o trabalho deste excelente Músico Brasileiro!

contatos:
www.marcosvinicius.it

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Deixar as Unhas crescerem...


Sacrifício por amor a Arte:
Deixar as unhas da mão que arpeja crescerem para obter variação timbrística e maior perfeição sonora.
Difícil é lidar com afazêres domésticos ou práticas esportivas sem correr o risco de fraturas nas unhas...
É um dos sacrifícios que fazêmos por Amor a este intrumento tão difícil de tocar e tão romântico chamado Guitarra.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

El día E...



No dia 19, último, o Instituto Cervantes promoveu o "Dia E" (Dia do Espanhol) evento que aconteceu em 42 países simultaneamente, recebendo a comunidade para prestigiar eventos culturais gratuitos (dança, música, fotografia) com o objetivo de valorizar e divulgar os países que têm como idioma o Espanhol.




Às 16h de Sábado, foi apresentado um recital de violão com apoio do "Programa Ponteio - Violão na Udesc" contando com a praticipação de vários músicos, alunos e professores da Udesc, dentre eles Kleber Alexandre e o próprio coordenador do programa Luiz Mantovani, numa apresentação impecável.





Música Espanhola e Hispano-americana para Violão

Programa:

Luis Milán (Espanha, c.1500-c.1560)
Três Pavanas

Intérprete: Caio Marques, violão

Fernando Sor (Espanha, 1778-1839)
Vingte Quatre Exercises, op. 35 (nºs 1, 4, 17 e 22)

Manuel de Falla (Espanha, 1876-1946)
Homenaje (pour le tombeau de Claude Debussy)

Intérprete: Kleber Alexandre, violão

Manuel Ponce (México, 1882-1948)
Sonatina Meridional
1. Campo

Intérprete: Felipe Lacerda, violão

Federico Moreno-Torroba (Espanha, 1891-1982)
Sonatina
2. Andante/ 3. Allegro

Intérprete: Luiz Mantovani, violão

Leo Brouwer (Cuba, 1939-)Sonata
2. Sarabanda de Scriabin/ 3. La Toccata de Pasquini

Francisco Tarrega (Espanha, 1852-1909)
Recuerdos de la Alhambra

Intérprete: Alisson Alípio, violão

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Violão: Valentim, Carlos Gomes

Uma Belezura!



(Na foto, Violão Valentim Modelo GC No. 51, 2010 - Ribeirão Preto, SP - pertencente ao amigo Luciano de SP. Foi fabricado com tampo de cedro baseado no Ignacio Fleta e laterais e fundo com Jacarandá Bahiano, porém uma das peças fora retirada de uma Barra de uma Cama! A construção é moderna seguindo as tendências Australianas.)



(No dorso podemos ver os dois tons do Jacarandá Bahiano)


Entrevista concedida à mim, pelo Luthier Valentim em Fev-2010.

MARCO: Oi, Valentim! Quando foi que iniciou suas atividades de Luthier? Teve algum mestre?
VALENTIM: Eu comecei a me interessar pela construção artesanal de violões no final de 1999 incentivado por um amigo que queria construir uma guitarra elétrica. Desde então comecei minhas pesquisas para fazer meu primeiro violão. Na verdade nunca tive nenhum mestre especializado em lutheria.

MARCO: Sendo assim seu aprendizado se deu de forma autodidata e fruto de muita pesquisa. Poderia comentar como chegou à técnica utilizada nos violões atuais modelo GC, elogiado pelo virtuose Gustavo Costa?
VALENTIM: Sim, sou um luthier que aprendi tudo sem ajuda profissional de ninguém, então acho que se pode dizer que sou um autodidata. acho que as pesquisas não acabam, porque sempre surgem novas idéias. O ponto fundamental de minha carreira profissional foi quando conheci Gustavo. Posso dizer, com certeza, que apartir do momento em que segui seus conselhos, foi que meus violões começaram a ser Violões Clássicos. Devo dizer que ele foi meu "orientador" na identificação sonora, que eu não tinha, para um violão clássico. Sem falar nas idéias que ele me trouxe de violões Australianos!

MARCO: Você teve que fazer alguma ferramenta específica para a construção dos seus Violões e Violas?
VALENTIM: Tive que fazer varias! Como aprendi tudo sem auxilio de profissionais do ramo, nem sabia que muitas delas tinham pra comprar! Outras uso as de marcenaria mesmo.

MARCO: Qual a diferença entre um violão tradicional e um mais moderno? Comente sobre sua técnica mais moderna.
VALENTIM: Um violão tradicional é construído com base em plantas de Luthiers tradicionais como Antonio torres, Hauser, etc. Basicamente as espessuras usadas em tampos tradicionais variam de 1.5mm à 1.8mm nos graves e 2.0 à 2.3mm nos agudos. As laterais medem, em média, 1.5mm. O fundo, na parte central, 2.3mm e nas bordas 1.8mm. É claro que isso depende de cada luthier, estou citando essas medidas só pra se ter uma idéia! Um violão moderno é construido nos moldes de construções Australianas. Nos tampos que são bem finos uns usam nomex (fibra de carbono) entre dois tampos, outros usam a treliça, triangulos para travar as laterais e os fundos e geralmente medem 6.5mm para dar projeção ao violão. Não da para explicar todas detalhadamente, mais ou menos é isso que eles fazem!
Utilizo escala levemente suspensa para facilitar a tocabilidade. Para endurecer as laterais do violão e fazer com que o tampo vibre bem mais que o normal faço da seguinte forma: uma cinta em volta de todo o violão colada com resina epoxi e duas cintas menores serrilhadas para segurar um triangulo colado ligando as duas laterais e o fundo do violão, abaixo 1.5 cm do tampo na região do cavalete. O fundo do violão é composto de 3 laminas de jacarandá na espessura de 4mm cada, uma também colada com uma resina epoxi para endurecer o fundo e também serve como escudo para refletir o som. O tampo e o fundo são feitos abaolados para completar construção. O acabamento do tampo é feito em Goma Laca Americana. Nas laterais, fundo e no braço uso Fundo Acabamento PU 70% de brilho Sayerlac.

MARCO: Quais madeiras que você tem usado para construir os Violões e Violas?
VALENTIM: As madeiras que utilizo em meus violões são:
- Para o TAMPO, Red Cedar ( USA ) ou Engellman Pinho ( USA );
- Para LATERAIS e FUNDO, Jacarandá da Bahia, Jacarandá Mineiro ou Paulista ou Jacarandá Indiano;
- Para o BRAÇO, Mogno ou Cedro Rosa;
- Para ESCALA, Ébano Indiano;
Obs: Madeiras adquiridas em fornecedores de materiais para Luthiers.

MARCO: Quais os cuidados que devêmos ter com um violão artesanal no que se refere à limpeza e exposição às mudanças de temperatura ambiente?
VALENTIM: - Primeiro, nunca passe alcool ou coisa do gênero para limpar seu violão, use produtos do tipo "cêra liquida de automóvel" ou simplesmente um pano úmido e depois lustre bem até o brilho ideal.
- Segundo, Tampo de violão Artesanal é muito Frágil, então nunca force o mesmo com estojos apertados ou similares. Nenhum estojo é cem por cento térmico, então não exponha aos raios "ultra violeta" ou deixe em lugares extremamente quentes, como porta-malas de carro.
Violões construidos como o modelo GC são bem resistentes às mudanças de temperaturas, as estruturas são bem reforçadas, principalmente do fundo, mas todo cuidado é pouco. Um fator bem favorável em Ribeirão é que a umidade relativa do ar é de média para baixa, mas reafirmo, madeira é madeira e todo cuidado é pouco!

MARCO: Acredito que a entrega de um violão deva variar conforme a quantidade de pedidos mas, quanto tempo leva para se construir um violão ou viola?
VALENTIM: Prazo de entrega é bastante polêmico! Alguns fatores podem contribuir para que se torne lenta a construção, um deles (e primordial) é a umidade relativa do ar que tem que ser baixa (no máximo 35%) quando se refere às colagens e também à pintura (O tempo de secagem da cola de uma etapa para outra). Colocação de trastes as vezes é rapida, as vezes é demorada, etc. Sem contar um fator humano, "luthier não é de ferro" pode ficar doente (isola!). Ideal seria fazer dois por mês, mas encaramos e passamos essa meta. Tem uma que eu esqueci, todo violonista gosta de bater um papinho com luthier e faz parte do processo, vamos sempre inovando com as idéias, que, se forem boas, são bem vindas!

MARCO: Você utiliza tensor regulável nos braços dos seus violões? Qual o critério usado pelo Luthier na hora de fabricar um braço com tensor ou não? E quais os formatos do dorso do braço que você tem utilizado?
VALENTIM: Se partimos do principio que todos os braços devem ser feito com madeiras boas e plenamente secas, usar um tensor ou não dependerá das espessuras de braço que o violonista quer que se faça no violão. Um braço de violão clássico normal praticamente não precisa de tensor, agora quando se quer um braço muito fino então é indispensável para uma vida longa do mesmo.



Abraço!!

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Atualmente concertistas tais como Gustavo Costa, Maurício Orosco, André Simão e outros respeitados músicos, se dizem muito satisfeitos com seus respectivos modelos, principalmente no quesito projeção.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

quarta-feira, 31 de março de 2010

UMA MULHER CHAMADA GUITARRA

"Um dia, casualmente, eu disse a um amigo que a guitarra, ou violão, era " a música em forma de mulher". A frase o encantou e ele a andou espalhando como se ela constituisse o que os franceses chamam, un mot d'espirit. Pesa-me ponderar que ela não quer ser nada disso; é, melhor a pura verdade dos fatos.

O violão é não só a música (com todas as possibilidades orquestrais latentes) em forma de mulher, como, de todos instrumentos musicais que se inspiram na forma feminina - viola, violino, violoncelo, contra-baixo- o único que representa a mulher ideal: nem grande, nem pequena; de pescoço alongado, ombros redondos e suaves, cintura fina e ancas plenas; cultivada mas sem jactância; relutante em exibir-se, a não ser pela mão daquele a quem ama; atenta e obediente ao seu amado, mas sem perda de carácter e dignidade; e, na intimidade, terna, sábia e apaixonada.

Há mulheres violino, mulheres-violoncelo e até mulheres-contrabaixo.

Mas como recusam-se a estabelecer aquela íntima relação que o violão oferece; como negam-se a se deixar cantar, preferindo tornar-se objeto de solo ou partes orquestrais; como respondem mal ao contato dos dedos para se deixar vibrar, em benefício de agentes excitantes como o arco e palhetas, serão sempre preteridas, no final, pelas mulheres-violão, que um homem pode, sempre que quer, ter carinhosamente em seus braços e com ela passar horas de maravilhoso isolamento, sem necessidade, seja de tê-la em posições não cristãs, como acontece com os violoncelos, seja de estar obrigatoriamente de pé na frente delas, como se dá com os contrabaixos.

Mesmo uma mulher bandolim, (vale dizer, um bandolim), se não encontrar um Jacob pela frente, está roubada. Sua vóz é por demais estrídula para que a suporte por mais de meia hora.

E é nisto que a guitarra, ou melhor o violão (vale dizer, a mulher-violão), leva todas as vantagens. Nas mãos de um Segóvia, de um Barrios, de um Sanz de la Mazza, de um Bonfá, de um Baden Powell, pode brilhar tão bem em sociedade como um violino nas mãos de um Oistrakh ou um violoncelo nas mãos de um Casals. Enquanto que aqueles instrumentos dificilmente irão atingir a pungência ou a bossa peculiares que um violão pode ter, quer tocado canhestramente por um Jayme Orvalle ou um Manuel Bandeira, quer "passado na cara" por um João Gilberto ou mesmo o criolo Zé-com-fome, da favela do Esqueleto.

Divino, delicioso instrumento que se casa tão bem com o amor e tudo que, nos instantes mais belos da natureza, induz ao maravilhoso abandono! E não é à toa que um de seus mais antigos ascendentes se chama viola-de-amore, como a prenunciar o doce fenômeno de tantos corações diariamente feridos pelo melodioso acento de suas cordas...Até na maneira de ser tocado- contra o peito- lembra a mulher que se aninha nos braços de seu amado e, sem dizer nada, parece suplicar com beijos e carinhos que ele a tome toda, faça-a vibrar no mais fundo de si mesma, e a ame acima de tudo, pois do contrario ela não podera ser nunca totalmente sua.

Ponha-se no céu alto uma lua tranquila! Pede ela um contrabaixo? Nunca! Um violoncelo? Talvez, más só se por trás dele houvesse um Casals. Um bandolim? Nem por sombra! Um bandolim com os seus trêmulos, lhe perturbaria o luminoso êxtase. E eu vos responderei; um violão.

Pois dentre os instrumentos musicais criados pela mão do homem, só o violão é capaz de ouvir e entender a Lua."

Vinicius de Moraes (que para "cantar" uma de suas paixões, 0 Violão, recorre a sua outra paixão, A Mulher.)

quinta-feira, 4 de março de 2010

O Homem do Violão Azul (Wallace Stevens)

I

Homem curvado sobre violão,
Como se fosse foice. Dia verde.
Disseram: "É azul teu violão,
Não tocas as coisas tais como são".
E o homem disse: As coisas tais como são
Se modificam sobre o violão".
E eles disseram: "Toca uma canção
Que esteja além de nós, mas seja nós,
No violão azul, toca a canção
Das coisas justamente como são".

II

Não sei fechar um mundo bem redondo,
Ainda que o remende como sei.
Canto heróis de grandes olhos, barbas
De bronze, mas homem jamais cantei.
Ainda que o remende como sei
E chegue quase ao homem que não cantei.
Mas se cantar só quase ao homem
Não chega às coisas tais como são,
Então que seja só o cantar azul
De um homem que toca violão.

(...)

segunda-feira, 1 de março de 2010

Aniversário de Leo Brouwer...


Juan Leovigildo Brouwer Mezquida, mais conhecido como Leo Brouwer nasceu em 1 de março de 1939 e é, sem dúvida, o mais importante compositor-violonista da atualidade, legítimo herdeiro de uma tradição que começa com Luys Milan no séc XVI e passa por Sor, Giuliani e se amplia com Villa-Lobos, que parte do violão como base de uma produção sinfônica. Brouwer nasceu em Havana, onde começou a tocar violão aos 13 anos atraído pelo flamenco (por influencia de seu pai descendente de Holandêses), que era doutor e violonista aficcionado e parente, por parte de mãe, do grande compositor Ernesto Lecuona. Seu primeiro professor foi o pedagogo Cubano Isaac Nicola, aluno de Emilio Pujol, que por sua vez foi aluno de Francisco Tárrega. Tinha 17 anos no seu primeiro recital.

Parabéns, Sr. Leo!