quarta-feira, 9 de maio de 2018

Entrevista com o luthier Sérgio Abreu de 1996...

Sérgio Abreu

Entrevista publicada na edição no. 20 - Nov/Dez 1996 com o título “Relembrando Sérgio e Eduardo Abreu” por Gilson Antunes.

Sérgio formou com seu irmão Eduardo, em meados dos anos 60 até 1975 o maior duo de violões de sua época e até hoje a lenda sobrevive. É de se lamentar, principalmente para a nova geração de violonistas, que os três discos do duo estejam fora de catálogo, e mesmo assim eles dizem muito pouco da grandeza que eles representaram (há gravações ao vivo e programas de rádio que demonstram claramente o quão fenomenal eles eram). Nessa entrevista exclusiva concedida a Gilson Antunes, Sérgio Abreu relembra fatos e curiosidades a respeito de toda a sua carreira. Sérgio nasceu em 1948 e Eduardo em 1949, ambos no Rio de Janeiro. Estudaram primeiramente com o avô, Antonio Rebello, prosseguindo com Monina Távora, uma discípula de Segóvia. Em 1967 Sérgio foi o mais jovem violonista até então a ganhar o mais importante concurso de violão do mundo, o da ORTF, em Paris. No ano seguinte Eduardo pegaria segundo lugar no mesmo concurso, numa decisão até hoje polêmica. Em 1975, no auge da carreira, Eduardo decide parar de tocar e o duo se desfaz. Sérgio continua com a carreira solo até 1982, quando também decide parar para se dedicar à lutheria, tornando-se então o mais famoso luthier brasileiro da atualidade.


Gilson Antunes - Quando e por qual motivo você e seu irmão Eduardo se iniciaram no violão?
Sergio Abreu - Por volta dos 10 anos de idade. O motivo é que em casa todo mundo tocava violão. Meu avô Antonio Rebello era professor, meu pai era violonista, então foi uma coisa que veio de casa.

GA - Quando veio o primeiro contato com sua professora Monina Távora?
SA - Meu avô a conheceu quando ela deu um recital aqui no Rio de Janeiro nos anos 50. Ela morava aqui na cidade, seu marido era um cientista brasileiro, então ela morou por aqui uns 30 anos mais ou menos. Meu avô falava com ela eventualmente. Um ano após eu e meu irmão nos iniciarmos no violão meu avô telefonou para ela perguntando se ela não gostaria de nos ouvir. Ela foi bastante receptiva, nos recebeu lá e aí nós começamos a estudar com ela. Nós tínhamos aulas de 15 em 15 dias.

GA - E como eram essas aulas?
SA - Eram em geral nos finais de semana, para não interferir em nossa rotina no colégio. Nós tínhamos hora para chegar, mas a aulas durava três, quatro horas, a gente ficava tocando, ela nos mostrava muitas coisas...

GA - E eram aulas individuais?
SA - Sim, nós tínhamos aulas individuais, primeiro tocava um, depois tocava outro. Aos poucos ela foi-nos encorajando a fazer duo, nem com intenção de desenvolver muito alguma coisa, mas ela achava que era uma excelente disciplina a música de câmara. Mais tarde ela também nos encorajaria a fazer música com outros instrumentos.

GA - E como surgiu o duo? Foi a partir dessa sugestão?
SA - Não, meu avô encorajava muito seus alunos a fazer duos, trios, etc. Então quando começamos nós fazíamos trio com nosso avô, ou duo, então já desde o início fazíamos coisas juntos, mas em pequenas proporções. Nossa estréia oficial foi aqui no Rio de Janeiro no Auditório da Associação Brasileira de Imprensa em 1963.

GA - E vocês deram logo um recital na Argentina...
SA - A Monina acreditava em a gente trabalhar o ano todo e fazer uma apresentação desse trabalho. Então nos fizemos uma apresentação no Rio no ano seguinte, e no terceiro ano tocamos em Buenos Aires.

GA - Agora, com relação ao Concurso de Paris, quais lembranças você possui dele com relação ao repertório, concorrentes, etc.?
SA - Eu não tenho nenhuma lembrança em especial. O Concurso foi em 1967, eu lembro que foi uma das raras ocasiões em que eu estudei algumas obras com data marcada para tocar, uma coisa que eu nunca gostei de fazer. No repertório tinha as Folias de Espanha do Ponce, que eu toquei de livre escolha, a Tarantella do Tedesco, uma coisa do Grau, eu não me lembro realmente, foi há 30 anos atrás...

GA - E o fato do Turíbio Santos ter ganho em 1965 foi uma coisa que te encorajou a fazer, ou foi uma sugestão da Monina Távora?
SA - A Monina na verdade não estava muito entusiasmada com esse concurso, mas achou que tudo bem, era uma oportunidade de sair para fora, mas meu pai foi quem achou que era uma ideia melhor. Realmente a vitória do Turíbio teve uma repercussão enorme aqui e o fato de eu ter me candidatado e classificado também despertou um interesse da imprensa. Certamente
ajudou ter o Turíbio quando eu fui para lá, ele me arrumou um hotel pra ficar, ele foi assistir, ou
seja, foi como se eu não estivesse sozinho.

GA - E com relação ao seu irmão, Eduardo, não sei se você pode responder, mas ele foi porque você tinha ido no ano anterior, ou ele mesmo quis fazer?
SA - Ele não queria ir fazer, meu pai foi quem achou que ele deveria ir. Foi até um ano conturbado, tinha uma baderna em Paris, o concurso foi transferido, ia ser numa época e foi transferido pra outra...



GA - Sobre isso eu gostaria que você falasse a respeito de concursos em geral, sua opinião pessoal.
SA - Concurso virou um mal necessário hoje em dia. Há 30 anos atrás era muito fácil você se apresentar em qualquer lugar, não tinha o tumulto e dificuldades que temos hoje. O concurso é uma maneira das pessoas se apresentarem, tanto aqui quanto no exterior, que de outra maneira seria impossível. Eu não gosto muito da ideia do concurso em si, mas tem sua função e virou uma coisa necessária. No violão não dá pra fazer isso mas no piano eu já sei que há pessoas cujo meio de vida é ganhar concursos. Veja bem, são pessoas muito boas que não chegam a ganhar primeiros prêmios, mas ganham segundo, terceiro e vão fazendo todos os anos (risos). Profissão:ocupante de concursos, ganhadores de segundos e terceiros prêmios. Eles vivem disso e até bastante bem. E são muitos concursos, o cara faz vinte a trinta por ano (mais risos).

GA - Agora, com relação aos discos que vocês gravaram. Como surgiu o primeiro disco, e se há algum
motivo especial por vocês terem gravado tão pouco?
SA - O primeiro disco foi uma coisa totalmente não planejada. Nós estávamos planejando fazer um disco no ano posterior ao que gravamos o primeiro disco, pela CBS, com o Roberto de Regina, em 1968. Fomos à Inglaterra nesse ano e fizemos uma apresentação no Wigmore Hall e o pessoal da DECCA por algum motivo foi assistir e nos convidou para gravar um disco. Nós contactamos a CBS do Rio que também tinha enviado um representante, e ele nos aconselhou a aceitar sem nos causar nenhum obstáculo, desde que fosse apenas um disco. Foi uma coisa meio improvisada, eu não fiquei muito satisfeito com o resultado, mas foi uma experiência. Não fui eu quem editou o disco e eu gostaria de ter feito isso. Eu gostaria até de eventualmente se existirem essas fitas, ir lá e refazer, mas acho que não. As fitas master não estão comigo, estão na Inglaterra. Nós gravamos no ano seguinte um disco em duo para a CBS e depois um disco com 2 concertos (Santórsola e
Tedesco), aí o relacionamento entre eu e meu irmão já estava ficando difícil, então resolvemos parar. E gravar disco era meio uma chateação... a ideia original do terceiro disco era gravarmos o Madrigal do Rodrigo e o Tedesco. Quando o Rodrigo nos enviou o concerto já estava meio em cima da hora, nós tínhamos dúvidas sobre algumas coisas e resolvemos deixar para a próxima, mas a próxima nunca aconteceu. E o Santórsola nós já tínhamos no dedo.

GA - Houve algum motivo em particular que terminou com o duo, ou foi uma decisão de comum acordo?
SA - Não houve um motivo somente. Se fosse apenas um motivo nós tentaríamos contornar, foram quinhentos motivos para dizer assim... Meu irmão não estava a fim de continuar tocando, então acabou, mas era uma coisa mais ou menos inevitável.

GA - Vocês tinham ideia do nível em que vocês estavam nos anos 60?
SA - A gente tocava, não comparava muito, a gente comparava com a ideia que nós fazíamos. Apesar das dificuldades eu acho que os dois últimos anos do duo foram mais ou menos tranquilos, bastante seguros, a parte de tocar era a única que não tinha problemas.

GA - Uma curiosidade: vocês estudaram quanto tempo com a Monina?
SA - Uns 8 anos seguidos e uns 2 esparsos, depois ela foi para a Argentina. Eu não a vejo há uns 15 anos, mas a gente se escreve o tempo todo, fala por telefone e infelizmente ela teve uns problemas de saúde.
 


GA - Eu gostaria que você falasse um pouco a respeito de mais duas formações camerísticas que você fez, com o soprano Maria Lúcia Godoy e com o flautista Norton Morozowicz. 
SA - A Maria Lúcia eu conheço de passagem há muitos anos. Quando tocamos o Tedesco em Londres ela cantou as Bachianas no mesmo programa. Não sei como foi a ideia, mas nós nos encontramos na casa
de um amigo em comum, ele tinha um violão lá e alguma música e daí nós começamos aos poucos desenvolver, houve algum convite para tocar, gravar e fazer uma turnê pela Europa, mas foi uma coisa esporádica. Com relação ao Norton, eu me encontrei com ele uma vez que eu toquei com a OSB, ele me disse que gostaria de tocar com violão. A gente também fez alguma coisa juntos, tocamos durante 2 anos no máximo, uma coisa mais ou menos rápida. Mas foi legal, eu já estava pensando em parar nessa época, e ele é um excelente músico.

GA - Com relação a preparação de seu disco solo, de Sor e Paganini, parece que ficou 2 anos fazendo a edição, como foi?
SA - Foi um disco muito complicado. Meu irmão tinha parado de tocar, nós ainda estávamos com um contrato com a CBS e estávamos devendo há muito tempo um disco pra eles. Eu fui experimentar os estúdios deles em Nova York e não gostei muito, até que eu achei uma igreja na cidade. Eu fui lá, gravei, a Sonata do Paganini eu já tinha no dedo, eu tocava muito, e o Sor é uma música que não se prestava muito em concerto, mas eu gostava muito. Eu sei que eu gravei os dois lá e depois eu descobri que a igreja tem uma bela acústica, mas possui muito externo e eu usei um violão de um amigo que eu tinha conhecido poucos anos antes. Com o tempo, quanto mais eu ouvia menos eu gostava, então resolvi gravar alguns meses mais tarde em Londres, num salão. Então acabou ficando uma coisa meio misturada, duas gravações diferentes, com violões diferentes. Para o disco sair ele demorou bastante, eu comecei a gravar em 1976, uma parte no meio do ano e outra no final, e ele foi lançado em 1982 pela Ariola, com uma tiragem apenas.

GA - Quando você construiu seu primeiro violão e por quê?
SA - Eu estou interessado em construir violões desde que eu toquei no Hauser da Monina Távora, ele era tão superior a qualquer outra coisa que eu conhecia que aquilo me despertou a atenção. Pouco depois o violão teve algum problema e ela pediu para eu levar o instrumento para o Silvestre do Bandolim de Ouro fazer um reparo. Eu aproveitei e fiz o desenho do violão e coloquei a luz, tirei a medida dos leques, ou seja, o que eu podia fazer eu fiz e pedi ao Silvestre para fazer um violão baseado nesse desenho e depois eu emprestei esse desenho para várias pessoas. Então, desde essa época eu me interessei por construção, sempre que eu viajava eu entrava em contato com luthiers. Eu demorei bastante por ter um certo receio que fosse uma coisa perigosa, tinha medo
de cortar um dedo ou coisa assim e eventualmente acho que eu disse “dane-se, eu estou realmente a fim” e quando meu irmão parou de tocar eu vi que era a hora de mexer com isso, eu já vinha comprando madeira para envelhecer e dar para algum luthier construir, fiz uma pequena oficina em casa, parte no corredor e parte no quarto de empregada e quebrava um galho. Fui começando a trabalhar e preparar um violão nisso aí. Quando o violão ficou pronto eu não me lembro, mas eu sei que eu saí em turnê e levei ele comigo, possivelmente em 1979. Eu nunca cheguei a dar um recital com um instrumento que eu mesmo construí.

GA - Eu li na revista Violões e Mestres de 1964 que seu avô tinha construído um violão.
SA - Ele construiu alguns violões sozinho numa pequena oficina que ele montou em casa e outros , dois ou três com o Isaías Sávio, que também mexeu com construção de violões. Eu não sei onde estão esses violões, eles não possuem rótulo e será quase impossível identificá-los.

GA - Com quem você aprendeu o inicial de lutheria?
SA - As bases foram com duas pessoas, Thomas Humphrey de Nova York - eu fiquei dois meses lá por conta disso - e George Lowe, da Inglaterra, que me ajudou muito em técnicas de construção em geral.

GA - O que você buscava com seus violões, um som parecido com aquele do Hauser?
SA - Eu comecei tentando imitar o Hauser e obviamente ele não soava como o Hauser e eu tentava entender o por quê disso. Você então percebe que começa a trabalhar do início e tem que ser do início mesmo, não dá prá queimar etapa. Realmente eu fui aprendendo aos poucos. Depois eu fui fazendo um trabalho na Giannini, o modelo C7, foram quase 500 violões e isso foi um laboratório excelente. Eu ia uma ou duas vezes por mês a São Paulo supervisionar esses violões , eu fazia os tampos aqui e levava pra lá. Então, o violão era formado por tampos que eu fazia, eles montavam e eu terminava o instrumento, via se estava tudo O.k., ajustava a pestana e regulava o rastilho.


GA - Quanto tempo você ficou na Giannini?
SA - Fiquei 7 anos, fizemos 496 violões. Eu queria chegar nos 500, mas as madeiras acabaram (risos).

GA - Atualmente você já construiu quantos violões seus?
SA - Eu estou no 347. A fila de espera está mais ou menos de 3 anos. Há um tipo básico de violão mas eu uso madeiras diferentes, o jacarandá da Bahia ou Jacarandá da Índia. Eu estou sempre testando alguma coisa, eu nunca estive muito satisfeito com o resultado dos meus violões, aos poucos, eu acho que vou tentando chegar mais próximo do que eu gostaria que fosse. Com certeza ainda não atingiu o que eu gostaria que fosse.

GA - Ainda é mais ou menos aquilo de criar um som próximo ao do Hauser?
SA - Tentativa de tentar copiar o Hauser eu fiz poucos instrumentos. Logo eu cheguei à conclusão de que você não copia um instrumento velho, você copia mas sai com um som novo, então eu tenho que julgar o meu trabalho em termos do que eu estou fazendo e aí eu vou realmente procurando meu caminho, que é mais ou menos naquela direção, mas com meu estilo pessoal. Há também uma segunda dificuldade, se eu faria um instrumento que eu gostaria de tocar ou que outras pessoas gostariam de tocar, pois meu estilo é diferente, então são várias complicações, e ainda não há aquela resposta de um instrumento ideal. Mas de qualquer maneira eu ainda estou procurando uma coisa que me deixe mais satisfeito. Eu acho que eu já tenho um controle com meus instrumentos, eles não variam muito de nível, são mais ou menos regulares, e isso já é uma conquista e eu estou procurando um instrumento mais musical, com volume e equilíbrio, eu quero que ele fique mais maleável, com mais colorido de som e resposta. São questões de sutileza.



GA - Com quais violões vocês tocaram durante a carreira?
SA - Tocamos no Hauser de 1930 e Santos Hernandez de 1920 da Monina, que ela mais ou menos me deu depois. Quando começou a ficar difícil viajar com eles por causa do clima - nos EUA, por exemplo - nós passamos a tocar com dois Rubios por 2 ou 3 anos. Meu irmão continuou com o Rubio, ele não mudou mais, depois eu comprei outro Hauser de 1952. Ocasionalmente eu comprei outros violões, Romanillos, Fisher, Friedrich e outros menos conhecidos, mas quando eu estava sozinho eu praticamente fiquei só no Hauser de 1952.

GA - Quais estilos de música e compositores você escuta para relaxar?
SA - Eu ouço de tudo com relação à música erudita, desde renasçença até compositores tradicionais do século XX. Eu gosto de ópera e ouço pouco violão, por motivos óbvios (risos). Eu não gosto da música ultra-moderna ou serialista, de resto eu ouço tudo que tenha um significado especial para mim.

GA - Inclusive você nunca tocou nada ultra-vanguarda.
SA - Não. Era ultra-vanguarda para o público violonístico da época (anos 60) eu tocar uma Sonata do
Santórsola, mas hoje em dia aquilo é até um negócio conservador. Mas coisa assim ultra-moderna não, eu continuo não gostando de coisas assim que maltratem o violão. Eu acho que essas coisas soam melhor em outros instrumentos, o violão tem de especial a sonoridade e a maleabilidade de som. Se não usar isso no violão é mais fácil tocar um instrumento de teclado, que se presta mais com notas tocadas com rapidez, soa melhor e é mais fácil de fazer.

GA - Quando você decidiu parar de tocar?
SA - Inicialmente minha intenção era tirar umas férias de um ano. Depois elas se prolongaram por dois, depois três (risos), e aí eu comecei a desconfiar que tinha terminado mesmo, não tinha a menor vontade de continuar. A parte de tocar era a mais fácil, digamos assim, agora a xaropada de enfrentar aeroportos, a parte de organização com empresários e, pior de tudo, no meio de uma turnê você está cansado, terminou de tocar e ainda tem que enfrentar uma recepção que você não está nem um pouco a fim, onde só vão pessoas que você não conhece, essa parte aí eu realmente não tenho o menor prazer, é pra pessoas que gostam disso, que acham isso a melhor parte, mas pra quem não gosta disso não dá. Durante alguns anos dá pra aguentar, mas depois de 10 anos se você não gosta disso e não aprendeu a gostar aí fica difícil.

GA - Isso foi o principal motivo?
SA - Foi um motivo bem forte. A gente logo descobriu que a gente ficava estudando o tempo todo, se a gente pudesse inventar um esquema de ficar estudando e dar uns seis ou sete recitais por ano e conseguisse viver disso nós estaríamos tocando até hoje.

GA - O que seu irmão está fazendo atualmente?
SA - Ele terminou há dois anos o doutorado em eletrônica pela Universidade de Santa Barbara, nos Estados Unidos. Eu sei que ele se mudou para a Pensilvânia e não me disse o que anda fazendo e eu também não perguntei (risos). A gente de vez em quando se fala, mas só amenidades. Ele levou o violão Fischer dele, ele sempre teve muita facilidade pra tocar, mesmo passado esse tempo todo, quando ele vinha aqui pegar um violão, soava em plena forma, você não notava a menor diferença, ele pegava o violão sem ter tocado meses e meses, e estava sempre em forma. Comigo era diferente, demorava alguns dias para eu voltar ao normal.

GA - A última vez que você viu ele dedilhando foi quando?
SA - Antes dele ir, há 6 anos atrás. Soava como sempre soou, não tinha a menor diferença...

Gilson Antunes, 24 anos, é concertista, pesquisador e professor.