sexta-feira, 4 de julho de 2014

Roberto Victório - Obras para Violão por Paulo Pedrassoli




Hoje, ao escutar este disco, pensei em comentá-lo, porém resolvi trancrever as belas palavras de Terezinha Prada Soares, que consta no encarte:
"Pedrassoli interpreta Victório...
Na história da música, a associação entre compositores e intérpretes é frequente. Essa relação proporciona o entrecruzar de fronteiras da especificidade de cada um. Compositores buscam algo que já os atraiu quando pensam naquele intérprete para sua música e este corresponde, se encaixa perfeitamente naquela visão apreendida - o toque personalista, a técnica impecável, a garra ou a suavidade únicas. Suas características ressoam na obra do compositor, ressoam em sua poética, podem até ser o ponto de partida de um grande conjunto de obras. O mesmo ocorre com o intérprete; ele busca estar apto a uma gama de possibilidades estéticas, mas sempre haverá um autor ou nicho que o atraia mais. Enfim, é uma espécie de relação "alter egos".
Mas só essa junção compositor-intérprete não garantiria um bom trabalho musical; não se chega a uma grande obra ou performance se dois nomes de peso não se encontram de fato. Tal encontro é o que acontece aqui nesse registro que chega para evidenciar uma relação antiga: Paulo Pedrassoli toca Roberto Victório com a facilidade de um grande intérprete e com a intimidade de um artista sempre ligado ao novo.
O novo está em Roberto Victório e quando penso em seu trabalho, duas boas imagens me vêm à mente: o compositor e o violonista. Ao violão, Victório dedicou um mergulho profundo desde a época de estudante, passando pelo repertório "obrigatório", participando até de concursos (já esteve numa das edições do Concurso Villa-Lobos), interessando-se especialmente pela obra do cubano Leo Brouwer (1939), autor imperdível para o repertório do violão contemporâneo. De intérprete, Victório logo chegaria à essência do instrumento por meio de suas composições desde a década de 80. Seu nome se estabelece como um ponto alto do repertório do instrumento e isso não é coisa fácil no Brasil, país que tem grandes violonistas, mas que ainda poucos se interessam pela música dos nossos dias. Com atitude sempre diferenciada, Victório segue em frente na sua tarefa de compor e tocar, plenamente ligado ao hoje.
O nome de Paulo Pedrassoli é uma unanimidade em termos de uma carreira brilhante como concertista. Musical, refinado, seu profissionalismo fez com que há muito tivesse resolvido qualquer problema técnico que tocar na contemporaneidade tenha nos proporcionado: a maneira de tocar, novas ideias e sonoridades, novos ataques nas cordas, que requerem novo "approuch", porém nele a técnica está ali, sabe-se que foi planejada e estudada milimetricamente, mas ninguém nota porque sua musicalidade transborda; seu fraseado, a maneira como explora a dinâmica, é tudo limpo sem ser asséptico - é tudo tão simples para Pedrassoli.
Então, que presente poder ouvir esse trabalho que reúne um grande talento ao violão e outro na composição."

(Teresinha Prada Soares)



Belíssima obra, Parabéns Sr Pedrassoli, parabéns Sr Victório!


PS. Publicado no Facebook em 16 de Janeiro de 2014. 

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